O que é geopolítica
De acordo com Bertha Becker, professora da UFRJ, geopolítica é a área do conhecimento que analisa relações entre poder e espaço geográfico. A geopolítica estuda as relações políticas entre os Estados, considerando principalmente a dimensão econômica.
Em ação os interesses geopolíticos (econômicos)
Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003 para derrubar o regime do presidente Sadam Hussein, acompanhamos a dedicação das forças armadas norte-americanas, com auxílio dos britânicos, para garantir o controle territorial de um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
No lugar de Sadam: a insurgência contra a ocupação dos estadunidenses e seus aliados, o terror de uma guerra civil desfigurada, sem inimigos claros, enfim, o aumento do sofrimento e penúria da população iraquiana. Tudo em nome dos interesses geoestratégicos ou geopolíticos das potências.
Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003 para derrubar o regime do presidente Sadam Hussein, acompanhamos a dedicação das forças armadas norte-americanas, com auxílio dos britânicos, para garantir o controle territorial de um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
No lugar de Sadam: a insurgência contra a ocupação dos estadunidenses e seus aliados, o terror de uma guerra civil desfigurada, sem inimigos claros, enfim, o aumento do sofrimento e penúria da população iraquiana. Tudo em nome dos interesses geoestratégicos ou geopolíticos das potências.
A Geopolítica e um outro tipo de coerção
Bertha Becker
A geopolítica sempre se caracterizou pela presença de pressões de todo tipo, intervenções no cenário internacional desde as mais brandas até guerras e conquistas de territórios. Inicialmente, essas ações tinham como sujeito fundamental o Estado, pois ele era entendido como a única fonte de poder, a única representação da política, e as disputas eram analisadas apenas entre os Estados. Hoje, esta geopolítica atua, sobretudo, por meio do poder de influir na tomada de decisão dos Estados sobre o uso do território, uma vez que a conquista de territórios e as colônias tornaram-se muito caras.
Verifica-se o fortalecimento do que se chama de coerção velada. Pressões de todo tipo para influir na decisão dos Estados sobre o uso de seus territórios. Essa mudança está ligada intimamente à revolução científico-tecnológica e às possibilidades criadas de ampliar a comunicação e a circulação no planeta através de fluxos e redes que aceleram o tempo e ampliam as escalas de comunicação e de relações, configurando espaços-tempos diferenciados.
O espaço sempre foi associado ao tempo. E hoje, na acentuação de diferentes espaços-tempos reside uma das raízes da geopolítica contemporânea. As redes são desenvolvidas nos países ricos, nos centros do poder, onde o avanço tecnológico é maior e a circulação planetária permite que se selecionem territórios para investimentos, seleção que depende também das potencialidades dos próprios territórios. Ocorre que ao se expandirem e sustentarem as riquezas circulante, financeira e informacional, as redes se socializam. E essa socialização está gerando movimentos sociais importantes, os quais também tendem a se transnacionalizarem.
Há, hoje, portanto, dois movimentos internacionais: um em nível do sistema financeiro, da informação, do domínio do poder efetivamente das potências; e outro, uma tendência ao internacionalismo dos movimentos sociais. Todos os agentes sociais organizados, corporações, organizações religiosas, movimento sociais etc., têm suas próprias territorialidades, acima e abaixo da escala do Estado, suas próprias geopolíticas, e tendem a se articular, configurando uma situação mundial bastante complexa.
(BECKER, Bertha K. Geopolítica da Amazônia. Revista Estudos Avançados – vol.19 no.53 São Paulo Jan./Apr. 2005)